No Mar Báltico, é difícil distinguir os incidentes reais dos exercícios militares. Poucas horas antes do início do Exercício de Disparo de Mísseis 2025 (MFE 2025), o maior exercício de mísseis de fogo real da Marinha alemã em três décadas, dois Eurofighters alemães descolavam da base aérea de Rostock-Laage numa missão real, devido à incursão de um avião militar russo Il-20M.
A aeronave estrangeira, inicialmente não identificada, voava em espaço aéreo internacional, sem plano de voo ou contacto rádio, e foi obrigada a abandonar a zona, indicou o jornal ‘ABC’. As descolagens do Eurofighter alemão vistas esta manhã, no entanto, fazem parte destas manobras com fogo real na região de Andoya, no norte da Noruega. A Marinha alemã, com 10 unidades navais, incluindo corvetas como a F263 Oldenburg, a Luftwaffe (Força Aérea) e o Heer (Exército), estão a participar.
O exercício, denominado “Andoya”, permite às equipas treinar sistemas de armas e procedimentos complexos em condições quase reais e reforça a cooperação entre a Força Aérea alemã e o Exército alemão dentro da estrutura de apoio tático de fogo conjunto.
Desde 2016 que a Marinha alemã utiliza regularmente este campo de tiro com navios e aeronaves para testes e prática de tiro com mísseis, torpedos e artilharia. Andoya, a poucos quilómetros acima do Círculo Polar Ártico, permite o disparo de todo o tipo de mísseis sem colocar em risco os transeuntes, longe das rotas de navegação civil. Cada navio está equipado com munições reais de treino, especialmente adaptadas às suas capacidades e ao alcance das suas principais armas. Até 30 de outubro, serão realizados disparos reais de mísseis, torpedos e artilharia, bem como exercícios de guerra eletrónica, defesa antissabotagem e procedimentos de sobrevivência no mar.
Além da corveta ‘F263 Oldenburg’, que disparou pela primeira vez mísseis RBS-15, participam: a fragata ‘F219 Sachsen’, da classe Saxon, especializada em defesa aérea; a corveta ‘F260 Magdeburg’, da classe Braunschweig, com mísseis de precisão contra alvos costeiros; a fragata ‘F217 Bayern’, da classe Brandenburg, com capacidade para mísseis antinavio e torpedos; o navio de apoio logístico ‘A516 Donau’, como plataforma de observação; o barco de patrulha antissubmarina ‘P-3C Orion’; o navio de transporte tático ‘NH90 Sea Lion’; e o submarino ‘U33’, da classe 212A. A estes juntam-se ainda unidades de guerra eletrónica, caça-minas e barcos-patrulha rápidos.
A Luftwaffe participa nos Eurofighter Typoons para interceção e apoio aéreo; do Tornado IDS para missões de ataque e reconhecimento; e do A400M Atlas para transporte logístico. Esta mobilização conjunta permite a simulação de cenários de combate realistas, incluindo ataques coordenados por via marítima e aérea, defesa antimíssil e operações de guerra eletrónica.
Coincidindo com estas manobras, o Governo alemão confirmou que a Comissão Orçamental do Bundestag vai aprovar esta semana a compra de 20 caças Eurofighter adicionais, somando-se aos 138 atualmente operados pela Alemanha. O volume da encomenda totaliza 3,75 mil milhões de euros, sendo que a primeira aeronave será entregue em 2031 e as últimas cinco em 2034. Além dos caças, a Força Aérea Alemã receberá 52 motores e outras peças de substituição.
Recorde-se que o ex-chanceler Olaf Scholz anunciou a compra de mais 20 aeronaves em 2024, e esta nova aquisição pretende ganhar tempo até à introdução do caça FCAS alemão-francês-espanhol, cujo desenvolvimento está atualmente dificultado por discussões internas.














